Poesia

O amor da minha vida

Eu morro e renasço

em meio ao mormaço

de seus abraços

A presença é quimera,

a ausência uma pedra

a rua que corta nossos olhos poderá ser a mesma

que irá juntar nossos passos...

Nada mais posso dizer

as palavras denunciariam seu nome

e meu anjo sumiria...

Ah, o amor, que surge sem nada dizer,

sem nada poder

e arde até não querer.

 
 
 
 
Eu preciso te ver...
 

Seus olhos, seus olhos

eis que vejo o fantasma de seus olhos

espreitando a escuridão de meus pesadelos

essa angústia lenta que não desaparece

eu preciso te ver mais uma vez

saber que esse esqueleto é real e que olhos não tem mais

eu preciso te ver mais uma vez

fantasma de meus pesadelos,

ironia dos meus risos inflados de suspeitas

eu preciso te ver mais uma vez

mesmo que seja somente para dizer:

eu precisava te ver mais uma vez...

 
 
 
Nada de amar...
 

 

Amar dói, enfraquece e deixa os cabelos doloridos

amar é entregar para outrem o que você não pode viver sem: o coração.

Partido e sem aval algum,

ele sofre as vicissitudes e

chora...

Amar dá medo, sufoca e nos deixa sem saídas

e entradas...

Nada de amar...

eu gosto da liberdade de não estar gostando de ninguém

e de “star”...  

Ao vento, com meus solfejos e bordados

Amar, nem pensar...

 
 
 
 

Quem se importa?

Se o medo está lá fora,

se a vida arde agora,

se com todas suas forças, você chora,

se o vento derrubou a sua casa,

se o seu cachorro morreu ou fugiu,

se a flor preferida secou,

se a luz está fraca,

se a vizinha é uma bruxa,

se o seu amor, não mais voltou,

se sua mãe te bate na cara,

se seu pai bebe até cair,

se seu irmão engravidou a prima,

se sua tia rica te deserdou,

se você nunca viu o mar,

se você insiste em sofrer...

quem se importa?

Só você se importa e só você pode fazer acontecer de forma diferente. Insista com a vida que ela te responde. O Universo não conspira contra você mas fica muito chateado quando você pensa que sim.

Bom começo de uma nova estréia para todos. Que 2014 seja o ano da importância da gratidão e do amor.

 
 
 
 
 
Quereres
 
 

(pintura de Gary Kaemmer)

 

Há que se querer um novo tempo,

uma nova vida

um novo roteiro,

um inédito batom

um livro tenro

um beijo inovador

uma viagem a um novo planeta

Um cabelo ou um barbeiro

uma cabra ou um cavalo

há que se querer...

há que se viver!!!

 

 

Quando as coisas mudam

("La vieillesse est un violent naufrage")

 

 

Muda o tempo

as cores das roupas

a estrutura da face

as memórias

as formas de gostar

o olhar sobre o outro

os medos

as neuroses

as rugas das mãos

até as tatuagens sofrem modificações

os dentes se aborrecem

os ossos fraquejam

as pernas perdem o norte

a fala economiza palavras

o ouvido seleciona os sons

os cabelos mudam de cor para sempre

o corpo vira mamulengo em variadas mãos

nós ficamos, ficamos, ficamos...

ah, o tempo, esse cara abusado

que não sonega impostos

ele paga tudo em dia

 

se pudesse pedir algo

eu pediria

mais um tempo...

ao tempo

 

Dieta para diminuir elefante

 

 

Flores e vegetais

um pouco de sal

aveia e sol

um livro de bom romance

para as tardes de inverno

uma revista de moda praia

para os dias de verão

antes de dormir,

um bom banho com sabonete Phebo escuro

uma sopa de legumes com um fio de azeite

agora, dormir com anjos e sonhar

com chocolates, doces diversos, bolo de nozes e muita

muita macarronada...

 

Tanto tempo

Venha aceso e novo

derramar poemas líquidos

no meu ouvido convertido

traga suas mãos contorcionistas,

seu desejo de orgia,

sua língua suntuosa,

essa fome de três anos

e sente aqui,

observe,

para ver nos meus olhos

a corrosão da espera...

O Ogro

(Para homens que amam demais e mulheres que amam de menos)

 

Ele tem raiva de mim

Ele quer me matar

Nossos olhos se encontram,

ele quer me matar

Na chuva ele chora

e quer me matar

Nas tardes ensolaradas ele me odeia

e quer me matar

Suas mãos tremem quando me vê

Seus pensamentos são pra mim,

ele quer me matar

Quando passo na sua frente, seus olhos ficam enegrecidos,

doloridos,

ele quer me matar

Se falo com ele, as palavras são pequenas,

sem força,

ele quer me matar

Quando ele vai dormir,

ele quer me matar, me matar, me matar, me amar...

Ele quer me amar, amar, amar..

 

Para que?

 
                                  (Arte de LUCIAN fREUD)

 

 

Quando você partiu, levou até o que eu não tinha:

a esperança.

Com uma mão atrás e outra na cabeça,

o desespero da fome de afeto que esvaía-se porta afora,

vi seus olhos procurando o caminho que iria tomar.

Eu não estava mais nesse mundo, era um fantasma desacreditado e nu.

Infame versão de afeição esse tal amar alguém

pra que? pra doer? pra matar?

Com as dispensas internas vazias, teria que buscar ajuda...

Por onde começar se os olhos nem conseguem enxergar de tão inchados de chorar?

 Como captar a luz? 

Fazer um chá para acalmar? 

Ter coragem para se matar? 

Cadê a força? 

Onde estão as ferramentas para se usar nessas horas?

A vida é um brinquedo, 

chego à conclusão, 

sem manual de instrução.

 
 

Aposto

               (Arte de Sophie Blackal)

 

Aposto que seus olhos não vivem sem os meus

suas mãos sem as minhas

minhas dúvidas sem as suas

seus sensores sem os meus

 

Somos grudados, colados que nem árvore e folha

somos sustentáveis, encorpados e de nenhuma parte

me vem a certeza de que poderia ser diferente.

............)

 

 
 
Leitura Solitária
 

                      (Peter Vilhelm Ilsted)

 

 

Dessas noites frias de longas histórias

vamos contando nossos sonhos

aos que nos percebem nas ruas, nas praças

e nos bosques de segredos milagrosos

ficamos imunes à realidade, dormimos na espera de melhores amanheceres

e acordamos inebriados pelas escolhas que nem fizemos

porquanto dormíamos e nos sonhos, as armas são de mentira

a letra está bem grafada na folha branca e nessa ilusão de ótica

descobrimos nossos diários

escritos pelas mãos caprichosas do destino...

somos partes de muitas palavras e muitas leituras...

 

 
 
Pequenas coisas
 

 

O que temos é muito pouco, 

uma vida que não sabemos quando termina, 

um olhar para o mundo 

que não podemos mudar, 

um abraço amigo que devemos aproveitar 

e uma imensa vontade de chorar 

por medo de tudo isso acabar. 

 

 

 

 

 
 
Nós
 
 
Recur S. O. S. Humanos
 
 
 
Divisão
 

Do meu quintal

vejo o pomar

do vizinho

e sua cerca me comove

acerca de quê tudo isso?

 
 
Aos maus parentes
 

 
Não tenho medo de serpentes
e nem de bichos peçonhentos
tenho medo dos parentes e
dos dentes
que sempre enganam a gente...
 
 
 
 
 
Ricardo

Com meus olhos

invadi sua privacidade.

Abri suas gavetas,

bordei meu nome

nas suas gravatas.

risquei suas cuecas com batom.

Suas pernas de calça

amarrei-as uma a uma

nas alças do meu sutiã.

Minhas calcinhas estão junto com minhas fronhas

Seu umbigo,

escondi com um chumaço de algodão.

Dos seus cinco dedos da mão esquerda

o do meio é meu.

Sou dona do seu sobrenome,

medidas, cardário,

cavidades, orifícios,

suores, odores, manifestações.

Denigro seu caráter frente ao espelho,

respiro seu ar e...

rasgo suas pernas, seus ombros,

para depois colar

parte por parte,

na minha agenda escolar...

 

 

A beleza dos monstros

 

 

Amei a ternura que eu imaginava em você, existir.

Amei suas histórias pensando ser inéditas e para cada uma, dei um título exclusivo.

Amei tanto que desconfigurei a alma.

Ao fazer as contas, descobri, desencantada, a falência múltipla dos meus anseios.

Na banca rota, tive que recomeçar.

Tirar do futuro, o prego que precisava para pendurar a carcaça e investir o ar que restava, numa nova vida.

Hoje, a parede já está de pé. Tem até alguns quadros pendurados.

Ao designar o coração para o amor, descobri a beleza da dor, do feio e do medonho.

E conheci o caminho que vai dar nos infernos, sem precisar entrar…

Garanto que a reconstrução ficou mais forte e a beleza disso tudo nunca será ordinária.

Esse texto é dedicado a todos os belos monstros que habitam nossas mentes: Príapos, Quimeras, Faunos, Ciclopes e Minotauros, seres avassaladores que impõem a beleza do feio e castigam com a impossibilidade de os possuir.

 

 

Sensação de Berne

 

 

sinto-me um berne sendo espremido numa pele desidratada

 

nessa altura do campeonato

 

os espaços conseguidos até agora para criar asas de nada adiantaram

 

só resta a força da esperança e a dor do desassossego

 

o que é melhor nessa vida?

 

qual religião seguir?

 

qual ônibus pegar?

 

aonde está o mapa da felicidade?

 

ah, sensação de berne... será que após tantas espremidas

 

valerá a pena a caminhada?

 

só mais uma espremida e vamos ver como fica...

 

 

Sem sentidos

 

 

Sem visão

 

sem audição

 

sem olfato

 

sem paladar

 

sem tato

 

Assim, simples, assim... (MB)

 

 

Oração para afastar maus vizinhos

Poderoso Deus, de infinita misericórdia

carregai para bem longe todos os maus vizinhos

aqueles que gritam o dia todo,

os que ouvem música alta demais,

os que fazem fofocas noite e dia,

os que pedem coisas a toda hora,

os que fazem de tudo para você sair do sério

e principalmente,

aqueles que soltam os seus cachorros em nossos quintais

Pai, com esses, então, sejai severo,

mostra o caminho da educação e do respeito.

Afasta, Senhor Deus, todos os maus vizinhos

para honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!

 

Essa oração foi feita para afastar de perto de mim, uma vizinha chata que solta cachorros que entram no meu quintal e matam minhas galinhas de estimação. É, eu tenho galinhas de estimação.

 

Oração para afastar maus vizinhos II - Salmo 41

 

O Salmo 41 é um dos salmos poderosos para afastar pessoas más dos nossos caminhos. Ao amanhecer e ao anoitecer, lembre-se de recitar o Salmo 41. O inimigo não fica de pé.

Salmo 41 - Para trazer muita luz e paz ao amor e favorecer os passeios e as diversões.

1 Bem-aventurado é aquele que considera o pobre; o Senhor o livrará no dia do mal.

2 O Senhor o guardará, e o conservará em vida; será abençoado na terra; tu, Senhor não o entregarás à vontade dos seus inimigos.

3 O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; tu lhe amaciarás a cama na sua doença.

4 Disse eu da minha parte: Senhor, compadece-te de mim, sara a minha alma, pois pequei contra ti.

5 Os meus inimigos falam mal de mim, dizendo: Quando morrerá ele, e perecerá o seu nome?

6 E, se algum deles vem ver-me, diz falsidades; no seu coração amontoa a maldade; e quando ele sai, é disso que fala.

7 Todos os que me odeiam cochicham entre si contra mim; contra mim maquinam o mal, dizendo:

8 Alguma coisa ruim se lhe apega; e agora que está deitado, não se levantará mais.

9 Até o meu próprio amigo íntimo em quem eu tanto confiava, e que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.

10 Mas tu, Senhor, compadece-te de mim e levanta-me, para que eu lhes retribua.

11 Por isso conheço eu que te deleitas em mim, por não triunfar de mim o meu inimigo

12 Quanto a mim, tu me sustentas na minha integridade, e me colocas diante da tua face para sempre.

13 Bendito seja o Senhor Deus de Israel de eternidade a eternidade. Amém e amém

 

 

HOLOGRAFIA

 

 

A tartaruga vem devagar

olha em câmera lenta

o vôo da borboleta

 

Color Poem

Quero o sol de Van Gogh

a alegria da infância de Matisse

a elegância de Renoir

a consciência cúbica de Picasso

o espírito quente de Miró

a loucura sensata de Dalí

quero nos invernos,

o quente da luz

nos verões,

o refrigério das estrelas

no outono,

a cor dos telhados e,

na primavera,

a certeza do renascimento.

 

(Color poem de Mônica Banderas, 2012 pintura de Matisse )