Canícula

21-12-2013 09:46

 

Como diria Ruy Carlos Ostermann - ou pelo menos dizem que ele disse - nesse calor senegalesco achei importante achar outras denominações pra essa coisa que nos derrete vivos, como se fôssemos barras de chocolate ao sol!
Canícula foi o sinônimo mais próximo de forno que encontrei. Canícula. Nada a ver com cães ou afins, somente canícula que já lembra desertos e outros ambientes tórridos, tirando motéis. Vivemos dias de canícula, vou experimentar quebrar um ovo e deixá-lo dentro de uma frigideira no sol, à tarde, só pra ver o que acontece.
Essa palavra deve ser parenta da cinofilia - amor aos cães - e do cínico, que é alguma coisa do tipo amigo cachorro. Eu sabia que cínico não era boa coisa. Todo o prédio tem um cínico do qual ninguém gosta. Não, não, esse é o síndico, desculpem.
Mas, mudando de assunto, sempre digo que sou um ser anacrônico, meio medieval que pára pra observar um avião decolar suas quase duzentas toneladas cheio de gente dentro.
Se parar pra pensar como essa geringonça voa contigo dentro, tu pega um ônibus. Melhor não saber e entrar sem perguntas.
Se eu sou um cara remanescente da Pedra Polida, meu filho, o Lobo, é um bichinho pura tecnologia, como toda essa gurizada. Desde que ele chegou, encontro aparelhos estranhos apitando pela casa. 
Ontem uma caixinha esperneava e buzinava sobre o sofá; me enchi de coragem e levei até ele. Era um aplicativo que ele estava baixando via iPed ou coisa parecida.
Achei que baixar aplicativo fosse algo como chamar uma entidade para nosso meio, num ritual cibernético-espiritual mas não: é só um aplicativo que ele me ensinou o que vem a ser, mas a minha má vontade com as miçangas e espelhinhos do momento não permitiu entender.
E as câmeras digitais, então? Em nada lembram as Kodak Xereta que surgiram logo depois de Pedro I romper com Portugal. Tenho uma câmera no meu celular mas tenho certo receio de acioná-la e ela me chamar de burraldo, não é assim! Parece que não sabe ler, Paulo Motta! Sim, esses artefatos além de inteligentes te xingam se tu errar ao apertar os botõezinhos.
Esses dias recebi uma antipática mensagem do Todo-Poderoso Cérebro Eletrônico do Universo: "Você não está autorizado ao acesso desta página!", certo, tá bom, foi sem querer, desculpa! Acho que quis dizer "Não entra aí que é proibido, seu bosta!".
Já estou me acostumando a levar ralhadas dos deuses virtuais, fazer o que, né? Agora tentei postar aquelas carinhas @me sentindo putodavida e apareceu: "O que você está fazendo?", não mexe aí seu estúpido, pronto, pronto, parei de mexer! Inclusão virtual é isso aí.
Mas que esses gnomos-zeladores são mal-educados ah, isso são!
Bom almoço a todos e todas meninos e meninas, depois da sesta voltarei entupido de novidades.

Paulo Motta está no Facebook com mais histórias com textos maravilhosos!

 

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